A realização do sonho nunca sonhado


Integrar um projeto musical com Dario, Gina, Heitor e Sabrina é a realização de um sonho nunca sonhado. Eu nunca teria imaginado um projeto como esse, com um grupo tão coeso, composto por pessoas que tanto admiro. Secretamente, admito que fantasiei poder, algum dia, tocar junto ou realizar algum projeto com Dario, Gina e Heitor, algo que geralmente acontece quando me vejo diante de grandes músicos. Com Sabrina, grande musicista e minha esposa, já realizo diversas parcerias há alguns anos, sempre com muita satisfação.

Renata (nossa produtora executiva), Dario, Sabrina, Gina, Renan e Heitor


O processo de criação e performance musical é muito instigante, e por vezes me deixa ansioso e eufórico pelo que pode vir. Qual é o próximo passo? Em que isso vai dar? Vai dar certo? Por fim, sempre acaba dando. Ao se trabalhar com profundidade emocional e seriedade, os resultados são reflexos sinceros do que somos, o que é sempre válido, pois é este um grande passo para uma comunicação mais efetiva com o público.

Estava ansioso mais uma vez, não só para o novo processo que iria se iniciar, mas também para o reencontro com os amigos. Qual o plano geral das obras do projeto? Quais os norteamentos iniciais? Não ousei perguntar isso ao Heitor antes do encontro presencial. Estava também receoso quanto ao feedback do público em Mossoró: como seria apresentar uma proposta desafiadora de música contemporânea em um local onde quase não há apresentações sequer de música instrumental?

Achei genial a proposta de Tudo é perdido quando o desejo fica repartido, para casal de violonistas e assistência: uma tragédia clássica de Shakespeare utilizada como pano de fundo para uma obra emocionalmente densa, uma miríade de emoções misturadas. O laboratório dessa peça ocorreu de forma bem orgânica e interessante, com ótimos momentos de improvisação e experimentação com Sabrina. Acredito que será uma grande peça, e é uma grande honra poder participar desse processo de criação.



Inicialmente, fiquei meio reticente com Novos sururus e quiprocós de um convescote chumbrega. Eu já nasci velho (no bom sentido), e quanto mais o tempo passa, mais eu me interesso pela música séria, profunda, que me provoca fortes emoções; música é algo sagrado, independente de gênero musical (sou um ávido ouvinte de música popular no geral). Sempre fico com um pé atrás quando na música há humor, pois esta pode cair facilmente no entretenimento barato (tivemos conversas sobre isso nos dias da oficina; essa conclusão, inclusive, não é minha, surgiu do eixo Heitor/Dario, se não me engano). Eu morro de rir com humor e ironia em música, curto mesmo, adoro também memes no geral. Mas tenho algo muito forte no meu jeito de ser: só me vejo fazendo música séria. Já fiz muitos gracejos musicais quando adolescente, e talvez essa minha postura de agora seja uma negação disso. Negação essa que será trabalhada em obras como Novos sururus..., e outras com um certo teor humorístico/irônico que venham a aparecer no projeto. De qualquer forma, acredito que serão grandes obras de Heitor, nessa parceria conosco.

Por outro lado, me senti muito mais em casa com a ideia das Charlas, peças solo para serem tocadas para uma única pessoa assistir. Como estou imerso na tese, terei muitos elementos da minha pesquisa que poderão subsidiar a Charla que irei tocar, proposta essa apresentada por Heitor. E a ideia ultra intimista me encanta.



O sonho nunca sonhado virou realidade, e não tenho palavras para descrever o misto de emoções positivas por fazer parte desse projeto!


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