A gênese de Novos sururus e quiprocós de um convescote chumbrega remonta a conversas que tive com Gina e Dario, ainda no início de 2018, sobre a possibilidade de criar uma peça para o projeto Desconcerto. À época, os pontos de partida expressivos que levantamos eram o desejo de explorar novas possibilidades/técnicas dos instrumentos, explorar a relação do performer com o ambiente e a ideia mais abstrata de deslocamento (uma música fora de lugar, uma experiência desconcertante etc.). Discutimos elementos práticos, como o papel da amplificação e o tipo de atenção do público para com a execução musical em diferentes contextos.
O planejamento que apresentei na oficina presencial do Coletivo N·S·L·O em Porto Alegre, no final de novembro de 2018, partia daquelas discussões iniciais e já incluía considerações sobre o espaço, os materiais e a estrutura da peça.
O organização prevista para o espaço é em quatro áreas:
Quanto aos materiais, havia uma série de categorias no planejamento:
A estrutura prevê cinco momentos distintos, cuja ordem ainda poderá sofrer alterações:
Ainda que o planejamento seja relativamente detalhado resta o desafio de dar forma à proposta. Ou seja, como gerar seu conteúdo e principalmente as continuidades necessárias para a concretização e fluência entre elementos e momentos propostos.
Iniciei a escrita de materiais para o pianista, seguindo a proposta do planejamento quanto aos "platôs" e "percursos".
Enquanto essa proposta pode ser usada para impulsionar a escrita de uma partitura mais usual, propondo uma sequência fixa de eventos sonoros, neste estágio do trabalho composicional, exploro a possibilidade de transformar a execução da peça em uma espécie de improvisação guiada. Os performers (e dois assistentes) se envolveriam em um jogo em que o número de células e as células específicas disponíveis ao longo da execução seriam objeto de sucessivos sorteios. Nesse jogo, a execução musical consiste em uma improvisação com as células disponíveis, com número livre de repetições, alternâncias e pausas. Paralelamente, o performer e os assistentes são impulsionados pela estrutura da peça por meio de deixas indicadas em difusões sonoras ou mudanças na iluminação.
Outra ideia surgida na escrita das células é a de acréscimo de elementos opcionais:
O planejamento que apresentei na oficina presencial do Coletivo N·S·L·O em Porto Alegre, no final de novembro de 2018, partia daquelas discussões iniciais e já incluía considerações sobre o espaço, os materiais e a estrutura da peça.
O organização prevista para o espaço é em quatro áreas:
- À esquerda, o piano;
- À direita, estante para a flautista;
- No centro, ao fundo, um microfone;
- No centro, à frente e em nível baixo, o "convescote", os assistentes.
Quanto aos materiais, havia uma série de categorias no planejamento:
- Os materiais sonoros para os instrumentos, organizados nos platôs (ideias musicais estáticas) e nos percursos (transições entre os platôs);
- Objetos diversos, obsoletos, trazidos pelos assistentes;
- Materiais verbais para vocalização, sendo expressões obsoletas (que poderão ser acrescidas pelos assistentes no processo de preparação de cada performance da peça);
- Materiais verbais para cartazes, retratando situações comuns ou incomuns de se encontrar em bares ou casas noturnas.
A estrutura prevê cinco momentos distintos, cuja ordem ainda poderá sofrer alterações:
- Piano bar = seção solo para pianista (provavelmente início mesmo da peça), remetendo ao ambiente da execução musical como pano de fundo em casa noturna;
- Jogo das expressões obsoletas = assistentes participam de jogo em que geram burburinho vocal com as expressões obsoletas (parcialmente simultâneo ao piano bar);
- Flauta solo = seção solo para flautista, remetendo à estética e ambiente do concerto de música contemporânea;
- Jogo dos rótulos = assistentes participam de jogo em que realizam ações com e sem implicação sonora, usando seus objetos obsoletos e músicos atribuem rótulos a essas ações, por meio dos cartazes;
- Desconcerto = duo.
Ainda que o planejamento seja relativamente detalhado resta o desafio de dar forma à proposta. Ou seja, como gerar seu conteúdo e principalmente as continuidades necessárias para a concretização e fluência entre elementos e momentos propostos.
Iniciei a escrita de materiais para o pianista, seguindo a proposta do planejamento quanto aos "platôs" e "percursos".
![]() |
Página do manuscrito de "...sururus...", contendo materiais musicais isolados a serem organizados em momento posterior do trabalho de escrita. |
Enquanto essa proposta pode ser usada para impulsionar a escrita de uma partitura mais usual, propondo uma sequência fixa de eventos sonoros, neste estágio do trabalho composicional, exploro a possibilidade de transformar a execução da peça em uma espécie de improvisação guiada. Os performers (e dois assistentes) se envolveriam em um jogo em que o número de células e as células específicas disponíveis ao longo da execução seriam objeto de sucessivos sorteios. Nesse jogo, a execução musical consiste em uma improvisação com as células disponíveis, com número livre de repetições, alternâncias e pausas. Paralelamente, o performer e os assistentes são impulsionados pela estrutura da peça por meio de deixas indicadas em difusões sonoras ou mudanças na iluminação.
Outra ideia surgida na escrita das células é a de acréscimo de elementos opcionais:
- inserir "percurso" para entrada em cada célula;
- planos harmônicos que podem ser adicionados gradativamente ou de maneira alternada entre versões mais densas ou rarefeitas de um mesmo "platô".
A implementação prática dessa proposta de jogo de improvisação exige a formulação de um material concreto para execução, que permita a manipulação das células e sua recombinação em uma superfície para leitura. Estou idealizando um sistema com chapas metálicas e cartões com mantas magnéticas (similar a propagandas de pizzaria distribuídas como imãs de geladeira).
Comentários
Postar um comentário