Tempestade em Porto Alegre

Era nosso último dia de oficinas, na primeira etapa do projeto, em Porto Alegre-RS. Ao sair do Instituto de Artes, na Rua Senhor dos Passos, uma tempestade daquelas que a capital gaúcha costuma proporcionar. Ainda mais em fim de primavera. Descartamos esperar, porque o objetivo era ir até a Terreira da Tribo, assistir Meierhold.

O jeito foi encarar a chuva, confiando nas marquises. Mas o caminho até o hotel, na Duque, era longo. Na descida da rua da praia, ainda conseguimos nos manter secos. Na subida da Doutor Flores, ficou mais difícil e, por fim, desistimos.

A sensação da chuva gelada, roupa e sapatos molhados, óculos respingados e embaçados.
A pressa de chegar logo.
A enxurrada e as goteiras.
Curtir um pouco tudo isso.
Rir da própria pressa.
Questionar essa mania de evitar chuva.
Passar pela recepção do hotel com cara de que está tudo normal.
Dificuldade para arrancar a calça jeans encharcada.
Banho quente para evitar o resfriado.
Dar-se conta da intensidade única da sensação de vestir a roupa limpa e seca nessa sequência de acontecimentos.
Olhar, pela janela, a chuva que ainda cai e o vento que agita as copas das árvores.
Pensar que a poucos instantes eu estava lá.

A muitos instantes eu estava lá.