Colaboração compositor-intérpretes na criação musical contemporânea: o projeto Coletivo N·S·L·O - Parte 2

Mesa-redonda em Porto Alegre

Foi no início da faculdade, enfim, que conheci o compositor-violonista Luis Carlos Barbieri. Pela primeira vez, enfim, conversei com um compositor. Tive a rica oportunidade de tocar peças dele e de Fred Schneiter, seu antigo parceiro de duo, precocemente falecido. Também nesse período, me correspondi por e-mail com Harry Crowl, compositor residente em Curitiba, do qual eu já conhecia algumas obras e passei a conhecer muitas mais, sempre com muita admiração.

Nas duas edições que participei do Concurso Fred Schneiter, em 2007 e 2009, no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de tocar peças de novos compositores para violão solo, o que me fez vislumbrar, algum dia, um trabalho conjunto com algum compositor, ou, quem sabe, até me arriscar a compor algo.

Em 2010, tive a grande honra de visitar, também no Rio de Janeiro, o compositor Carlos Cruz, que eu tanto admirava. Tive um dia maravilhoso com ele, no qual me mostrou muitas de suas obras, sempre com muita paixão, e me falou coisas muito interessantes sobre o seu processo composicional. Esse encontro tanto me inspirou, que a partir daí cogitei realizar um trabalho sobre sua obra no mestrado, o que iniciei em 2012, pouco depois da morte de Cruz.

Para a Mostra do Compositor Erudito Capixaba, de 2010, me lancei ao desafio de compor alguma coisa para violão. Prevendo que talvez fosse meu único impulso para compor algo para violão, quis escrever uma peça que refletisse muitas das coisas que eu ouvia, utilizando o máximo de ideias que pudesse encaixar (porém com parcimônia e equilíbrio), utilizando os extremos possíveis de dinâmica, textura e climas, e buscando contemplar os meus limites técnicos. Daí nasceram as Quatro Miniaturas.

Na Mostra, tive três grandes felicidades: a de me expressar, pela primeira vez, através de uma composição “de concerto”, escrita em partitura; a de ter minha peça como uma das três premiadas da mostra; e, especialmente, a de conhecer Marcelo Rauta, o primeiro compositor com quem efetivamente colaboraria – e que também teve uma obra, espetacular, premiada na mostra.

Minha primeira colaboração com Marcelo Rauta foi a revisão da sua Suíte Miniaturinhazinhas, que depois passou a ser chamada de Suíte Chaves, em homenagem ao programa de TV Chaves. Era uma peça com diversas passagens não idiomáticas para o violão, que frequentemente dificultavam a fluência da peça - Rauta não era violonista. Com a ajuda de Fábio Zanon, grande ícone do violão de concerto brasileiro, consegui realizar uma revisão que valorizou ainda mais as ideias do compositor, e foi muito bem recebida por Rauta.

Foram estas experiências iniciais de colaboração e composição que me motivaram bastante para trabalhos futuros.

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